Dona Amélia - Biografia

Desenho da Rainha Dona Amélia, por João Micael, inspirado no retrato da rainha pintado Vitor Corcos, 1905, Museu Nacional dos Coches, Lisboa.
Desenho da Rainha Dona Amélia, por João Micael, inspirado no retrato da rainha pintado Vitor Corcos, 1905, Museu Nacional dos Coches, Lisboa.

"Última rainha em Portugal, D. Amélia não foi feliz, incompreendida neste país, pois não soube identificar-se com a elite portuguesa, tão diferente daquela onde fora educada em França.

O seu retrato, exposto na sala que lhe foi dedicada no Museu dos Coches, e que fundou em Lisboa, destaca-se de todos de todos os outros ondes as restantes soberanas portuguesas se fizeram representar. D. Amélia, na pujança dos seus quarenta anos, considerada uma das mais elegantes rainhas da Europa, não era uma mulher amada pelo seu marido, o rei D. Carlos I, que buscava com lubrica avidez contínuas aventuras sexuais nos bordéis de luxo de Paris e de Londres, entre outras aventuras em Lisboa, debaixo dos seus olhos.

Neste retrato, D. Amélia posa para o pintor italiano Vittorio Corcos, numa postura naturalmente sedutora, nada usual numa rainha que se exige régia, altiva e distante; todo o ambiente respira sensualidade – o panejamento da seda cor-de-rosa sugerindo o boudoir da D. Amélia - mulher, enquanto o manto de arminho recorda o seu elevado estatuto real. Mas, então, em primeiro plano, o vestido de cetim igualmente rosado, primorosamente bordado e ornamentado com finíssimas rendas, pregueados e laçadas, sugere novamente a carnalidade na revelação das voluptuosas formas da soberana que, de braços descaídos segura numa mão uma rosa, e na outra um leque fechado, a arma de sedução feminina.

Os olhos da rainha reflectem sombriamente as memórias dos dias felizes como duquesa de Bragança, dedicando-se simplesmente a ser a mulher do, então, carinhoso e jovem príncipe real, a conhecerem-se mutuamente, e a amarem-se contemplando o rio Tejo, que corria lentamente, ali à sua frente, no pequeno palácio de Belém onde iniciaram a sua vida de casados, e onde nasceram os seus dois filhos. Sim, as suas jovens vidas eram livres e despreocupadas, até que tudo se desmoronou como um efémero castelo de cartas de jogar, com a subida de El-Rei D. Carlos I ao trono de Portugal, ao mesmo tempo que o mundano Carlos iniciava a descida ao mais baixo dos vícios e do abandono do leito matrimonial.

D. Amélia de Orleães e Bragança, rainha de Portugal, princesa de França, sentia-se insuportavelmente só, num reino em plena convulsão republicana, e que também já não a amava."

in "Galeria das Rainhas Portuguesas - Câmara Privada, Costumes e Moda", João Micael, Prime Books, 2021.


Árvore Genealógica da Rainha Dona Amélia.


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